Wilsinho Acedo, ponta esquerda do time campeão, relembrou aquele período em papo exclusivo com a equipe do Red Bull Bragantino
23 de novembro de 1965, um dia inesquecível para a história do Massa Bruta. Há exatos 55 anos, a equipe de Bragança empatava com o Barretos por 2 a 2, no estádio do Pacaembu, no segundo jogo da final do Campeonato Paulista (equivalente à atual série A2), conquistando a taça e o primeiro acesso da história do clube à Divisão Especial – atual série A1 – do Estado.
O Massa Bruta já havia vencido o primeiro jogo, disputado em 18 de novembro, por 1 a 0 – gol de Hélio Burini – então o empate era suficiente, na segunda partida, para confirmar a conquista. E ele veio, nos minutos finais de jogo, dos pés de Nivaldo. A jogada do gol, no entanto, começou com o ponta esquerda Wilson Acedo. Wilsinho, como ficou conhecido entre os companheiros e torcedores, hoje com 78 anos, se recorda de todos os detalhes daquele lance.
“Eu era ponta esquerda. Fui cobrar o escanteio, lancei na área a bola, alguém rebateu de cabeça, o nosso lateral esquerdo, o Geraldo, bateu, aí formou-se aquela confusão dentro da área, alguém rebateu e a bola sobrou para o Nivaldo e ele guardou. Naquele rebote ele fez o gol, que nos levou à conquista”, relembra Wilson, em entrevista exclusiva ao RedBullBragantino.com.br.
Naquele período, segundo Wilsinho, conquistar o título da atual série A2 era uma tarefa das mais difíceis. “Para se conquistar um campeonato da segunda divisão do Paulista, era terrível. O nível era o mesmo da atual divisão principal. Eu cheguei ao Clube Atlético Bragantino em 1959, e lutamos por vários anos por essa conquista. Até que em 1965 nós conseguimos conquistar o título da serie Duque de Caxias, que nos levou à disputa com o campeão da outra série – o Barretos. Em duas partidas, no Pacaembu, nós conseguimos o título, inesquecível. Representou muito para a cidade de Bragança Paulista e ficará para sempre na minha memória”, disse.
O ponta esquerda lembra, com orgulho, da festa e da recepção dos torcedores na cidade. “A cidade ficou, não sei quantos dias, em festa. Quando nós chegamos na cidade, no dia seguinte, de manhã, a cidade estava completamente congestionada desde a variante, na rodovia Fernão Dias. E lá na praça, então? Eu tenho fotos que mostram que fomos carregados pela torcida”.
Uma dessas torcedoras era Anete Apparecida Samuel Gulke, hoje com 80 anos e residente em São Paulo. Na época, dona Anete vivia em Bragança Paulista, onde trabalhava como cabeleireira, em um salão. Apaixonada por Carnaval e por festa, ela não perdia os jogos do Massa Bruta e esteve presente naquela decisão, no Pacaembu.
“Eu tinha 25 anos, naquela época. Foram cerca de 36 ônibus que saíram de Bragança para São Paulo. A gente estava saindo do estádio e começou um barulho (era o gol de Nivaldo). Ficamos até as 4h ou 5h da manhã na Avenida Paulista, comemorando. Voltamos de manhã para Bragança. Ninguém nem dormiu e no dia seguinte fizemos a recepção dos jogadores na cidade”, confirmou a torcedora que, infelizmente, não tem nenhum registro daquele dia histórico. “Naquele tempo era difícil tirar fotografia”, lamentou.
Diferente de Wilsinho. Em campo, o campeão – torcedor do Massa Bruta até hoje, sempre presente no Nabizão – conseguiu guardar nada menos do que a bola da decisão. “Minha esposa, Ana Maria, estava no Pacaembu. Na época ainda éramos namorados, ela estava no alambrado e assim que terminou o jogo eu já peguei a bola, dei no pé, e deixei com ela. Então, por isso, eu tenho essa preciosidade guardada até hoje”, contou.
Wilsinho destaca, ainda, o que aquele título representou para o futebol em Bragança Paulista. “Pela primeira vez, por essa conquista do acesso, a cidade teve a oportunidade de receber times fantásticos, como Santos da era Pelé, o Palmeiras, da academia, de Dudu e Ademir da Guia, times do São Paulo e do Corinthians”, falou.
O ex-jogador e ídolo do Massa Bruta relembra, ainda, de um duelo histórico, contra o Santos de Pelé, já na Divisão Especial de 1966. “Tivemos a felicidade de ganhar por 2 a 0 no primeiro tempo. E a torcida começou a provocar o Pelé, que estava numa fase fantástica. Ele voltou e, acho que de birra, ou revolta (risos), marcou três gols e virou a partida”, disse – relembrando daquele duelo, que terminou em 3 a 2 para a equipe da Vila Belmiro, mas deixando de lado um detalhe importante: ele, Wilsinho, marcou um dos gols do Massa Bruta em cima do esquadrão santista. “Ah, eu marquei gol, mas não gosto de falar de mim não”, brincou.